A Contraf Brasil – Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura Familiar - declara indignação e repúdio, mais uma vez, ao crime ambiental que devasta a Amazônia e atinge inclusive as reservas indígenas. 3q2n48
Para que nossa mata seja preservada e os recursos do meio ambiente sejam conservados, é essencial que os governos trabalhem políticas públicas de incentivos a agroecologia; reconheça e respeite a soberania dos povos indígenas sobre seus territórios; como também permita que camponeses e povos tradicionais permaneçam nas suas terras.
Lembramos que a Agricultura Familiar é um modo de vida associado à preservação ambiental das florestas, das águas e da biodiversidade. Olhamos para a natureza não como uma mercadoria, pois ela não deve estar subordinada aos interesses do mercado e nem de gerar lucros para capitalistas.
Apontamos isso porque o cenário de preocupação ambiental exige uma urgente transição do atual modelo agrícola, que visa o apenas o lucro sob a proteção de governos. Esse sistema, para atender a demanda do mercado capitalista libera desenfreadamente dispositivos que permitem ainda mais o desmatamento, sobretudo da Amazônia.
Nos últimos meses, medidas governamentais tais como: flexibilização das fiscalizações; o desmonte das estruturas de órgãos ambientais; perseguições de funcionários; autorização da grilagem de terras; ataque as reservas indígenas; exclusão da política de reforma agrária; a estrangeirização de terras; a liberação de armamento contra os povos tradicionais; entre tantos outros atos influenciam no agravamento da destruição das nossas matas.
Esse modelo produtivo das commodities e do grande capital, apoiado fortemente pelos poderes, contribui para piorar, também, a crise climática. Entre 44% e 57% de todas as emissões de gases de efeito estufa (GEE) vêm do sistema do modelo de produção de alimentos em larga escala, a monocultura. A maioria destas emissões resulta da utilização de insumos industriais, fertilizantes e agrotóxicos, do combustível para mover tratores e equipamentos de irrigação, e do excesso de excremento gerado na criação intensiva de animais.
É válido lembrar que se continuarmos no atual ritmo, com 290 agrotóxicos liberados em apenas oito meses neste ano de 2019, não iremos dar um o se quer nas soluções para salvar a Amazônia.
Acreditamos que são nestes momentos que devemos, mais ainda, ser a resistência contra as atrocidades cometidas contra o meio ambiente e o povo. A Agricultura Familiar pode desempenhar um papel estratégico na preservação do meio ambiente, justamente, pela sua constituição histórica, cultural e da adoção de sistemas produtivos de maior diversidade, com paradigmas de valores sociais voltados a qualidade de vida, produção de alimentos saudáveis, a eficiência energética, ao uso sustentável dos recursos naturais, com um novo horizonte por meio da produção de alimentos baseada em sistemas familiares sustentáveis.
Somos resistência e vamos lutar pelas nossas matas, pela Amazônia, e pelo povo, levando a eles alimentos saudáveis, segurança alimentar, porque não vamos abrir mão de sermos “As mãos que Alimentam a Nação”.